domingo, 12 de agosto de 2012



NIMIUM NE CREDERE COLORI 
 Museu de Évora

Exposição Individual
23 de outubro de 2010  a 19 de Fevereiro de 2011



«Non novo, sed nove» é a expressão latina que significa «não coisas novas, mas de nova maneira», ou seja, a ideias já dadas e conhecidas pode dar-se uma nova forma.
 A exposição que Rui Macedo instala no seio da colecção permanente de pintura do Museu de Évora, intitulada «Nimium ne credere colori», toma a expressão «Non novo, sed nove» como um paradigma. Nas 27 pinturas instaladas em sete salas do museu, participam regimes intertextuais específicos, a saber: a citação, a apropriação e a alusão que, usados como estratégias de camuflagem, se aliam a conceitos como o mise-en-abîme e o mise-en-scéne para estruturar todo o modus operandi. Também a especificidade da montagem museológica e a informação de carácter técnico indispensável ao museu são utilizadas para a abertura de um campo dialógico entre as obras da colecção de pintura e as de Rui Macedo. Dentro da história da Pintura, o artista exalta o elo entre passado e o presente. É de sublinhar que todo este trabalho criativo tem a sua fonte num exercício metafórico ininterrupto onde o «novo» é claramente de ordem mitológica pois o que se apresenta e o que se representa é sempre «uma nova forma» do já dado.(Margarida P. Prieto, in Catálogo da exposição)





Vista de Memento mori, 2010, óleo s/tela, 58x77cm





Vista de Vista da sala com a pintura Nossa Senhora da Graça, Santa Julita e S. Guerito,
2010, óleo s/tela, 189X159cm, instalada na sala 1





Vista da instalação na sala 1




Vista de A partir de S. João em Patmos de Poussin #2, 2010, óleo s/tela, 170X107cm,
 instalada na sala 2




Vista de A partir de S. João em Patmos de Poussin #2 Memento mori
 instalados nas salas 2 e 1, respectivamente.





Vista da instalação na sala 3




Vista da instalação na sala 3




A Árvore da Vida 2010, óleo s/tela, 233X157cm + 173,5X157cm (díptico vertical)





Vista de A Árvore da Vida instalada na sala 3



«(...) uma moldura
uma permanência descritiva;
uma envolvência delimitadora;
um falso existente;
um traço que engana com as volumetrias do pintor;
uma dolência de querer fazer não perguntada;
um contraste entre a geometria das linhas e o criativo do volumétrico;
uma cor espessa que se deixa olhar;»

Excerto do texto de catálogo Quatro perspectivas, uma moldura, muitas palavras de António Camões Gouveia






Vista de Nascimento, 2010, óleo s/tela, 197X132cm + Calvário, 2010, óleo s/tela, 197X132cm, instalados na sala 4
 


Vista de Nascimento, 2010, óleo s/tela, 197X132cm + Calvário, 2010, óleo s/tela, 197X132cm, instalados na sala 4




Vista de Da série: Os Géneros da Pintura – Paisagem, 2007, óleo s/tela, 390X195cm, 
instalada na sala 5



«A instalação «Em homenagem a Ilya e Emília Kabakov ou para uma ampliação da experiência no e do espaço museológico» de Rui Macedo coloca o espectador perante nove pinturas alinhadas que se oferecem ao olhar enquanto «vistas parciais» de supostas paisagens, referenciadas na história da pintura. Esta instalação pictórica é uma experiência, no sentido filosófico do termo referido por Lacoue-Labarthe[1], ou seja, a experiência enquanto travessia perigosa, reencontro dentro da soma não mensurável dos acidentes do acaso, interesse recíproco, troca que faz qualquer coisa, que abre para um risco imenso. Há nela um atravessar a fronteira das convenções em direcção ao campo do ensaio, para abordar, tanto a instalação pictórica como a própria pintura, fora do campo do esperado, ampliando e alimentado, assim, a expectativa.
As pinturas são vistas parciais de outras pinturas. «Vista parcial» trata-se de um termo técnico de cariz arquitectónico que refere um corte, uma selecção, o enfoque de uma parte em detrimento de outras. Embora cada uma das pinturas, bem como o conjunto das nove, surja numa aparente incompletude pela referência ao corte (evocativo de uma falta) a instalação está formalmente completa. Esta incompletude é intencional e produz um desafio: pela imaginação a moldura recupera o que nunca perdeu: a sua integridade e o seu sentido primeiro de criar uma selecção e abrir o seu próprio espaço (sagrado). As imagens completam-se enquanto paisagens justamente porque na falta «do resto» podem tornar-se infinitamente profundas, incomensuravelmente amplas e, neste sentido, extrapolam espaço expositivo, ampliando-o: o chão de madeira do museu torna-se plataforma elevatória imaginária e, na promessa de uma continuação da instalação no piso imediatamente inferior, o observador/ visitante fica novamente na expectativa de mais. Mais pintura. Mais Museu.» (Margarida P. Prieto, in Catálogo da exposição)


[1] Lacoue-Labarthe, Philippe, Ecrits sur l’art, Les presses du réel, Collection mamco, Genève, 2009, p.III.







Homenagem a Ilya e Emília Kabakov ou para uma ampliação da experiência no e do espaço museológico, 2010, óleo s/tela, 51X146cm





Vista de Homenagem a Ilya e Emília Kabakov ou para uma ampliação da experiência no e do espaço museológicoinstalada na sala 6




Vista de Homenagem a Ilya e Emília Kabakov ou para uma ampliação da experiência no e do espaço museológicoinstalada na sala 6




Vista de Homenagem a Ilya e Emília Kabakov ou para uma ampliação da experiência no e do espaço museológicoinstalada na sala 6




Vista de Sob Cogito Mori de David Teniers II (o novo)
2010, óleo s/tela, 55,5X64cm, instalada na sala 7



«O pintor que joga (...) terá de ser também o título desta exposição/instalação no Museu de Évora, em que o autor teve à sua disposição, pela primeira vez, uma colecção de pintura que se estende por três séculos e que lhe permite uma série de revisitações da História. Da História da Pintura, no seu tempo áureo do «quadro-janela», tal como ficaria definido por Alberti, e dos modos de pintar dos distintos tempos e estilos cronologicamente atravessados desde então e quase até hoje. (...)»

Excerto do texto de catálogo Rui Macedo, Pictor Ludens... de Fernando António Baptista Pereira 






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